quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

José Ramos - O Açougueiro do Arvoredo

  Talvez você já tenha escutado falar sobre essa história, se não o maior crime do RS, garanto que seus avós à conhecem bem. Ainda mais se for residente de Porto Alegre, mas se esse não é seu caso e mesmo assim ficou um tanto curioso para saber, segue lendo e enfim vamos à história!



  Filho de uma Índia com um soldado português que lutou bravamente na guerra dos farrapos, José nasceu em Santa Catarina logo após que seu pai e mãe migraram para lá. Sua história já começa conturbada, quando mais velho começaram a suspeitar que o garoto havia matado o pai, para assim livrar sua mãe dos maus tratos do tal. Logo em seguida se mudou para a grandiosa Porto Alegre onde ali sua história com assassinatos só se estenderia.
  Se tornou um policial, apreciador de teatro e bastante cavalheiro e reconhecido na comunidade, quando em 1883 se casou com a húngara Catarina Paulsen. Juntos deram início a carreira no mundo do crime. Sua vítimas eram escolhidas sempre em lugares chiques, onde Catarina usava de todo seu charme para seduzir homens ricos, sempre optando por estrangeiros já que a dama não falava português muito bem. E assim ela os levava até o casarão de Carl Claussner (cúmplice e amigo), a casa fica localizada na famosa Rua do Arvoredo, atual Rua Coronel Fernandes Machado, então lá a maldade acontecia. Ramos ficava a aguarda sua companheira que quando chegava matava e mutilava os pobres homens que acabavam por cair no canto de Catarina. Rouba o que eles tinham de valioso e logo num carrinho de mão levava os pedaços até o açougue de Carl que fica na Rua da Ponte, atual Rua Riachuelo, lá Claussner os desossava, triturava e misturava tudo junto a carne bovina. Estava feito!
  Sal, pimenta e temperos jogados juntos formavam a famosa e deliciosa "iguaria", a tal linguiça que por sinal era muito bem aceita por seus compradores, aliás. Os três nunca consumiam as mesmas, queimavam os restos e ossos no quintal. Num belo dia de agosto de 1863, o comparsa Carl relatou para os amigos que estava infeliz, na já não tão grandiosa Porto Alegre, disse que pensava em viajar para o Uruguai. temendo que ele revelasse seus feitos, José logo tratou de de matar o rapaz, o enterrando no quintal e nisso o casal levou posse do casarão e de seu estabelecimento, afirmando que haviam comprado os mesmos do amigo.



  Algum tempo depois de todo ocorrido, Paulsen começou a se arrepender de tudo que havia feito e foi até a Polícia, relatando os últimos assassinatos do casal, que constituíam em: Um comerciante local junto de seu auxiliar, um senhor conhecido por Januário e um garoto dos arredores, todos enterrados no quintal no mesmo solo de Carl, afirmou também que haviam matado o açougueiro e que assim haviam dado fim a fabricação de linguiças pois não e/ou não tinham conhecimento para isso, já que essa parte era feita pelo falecido comparsa. Não se sabe ao certo quantas vítimas foram ao total, apenas que a carne era um sucesso entre os vizinhos.
Em 1864 a sentença de José e Catarina foi resolvida, após um longo julgamento, os dois foram condenados. Ela à 13 anos sob regime de trabalho forçado e ele à morte, mas houve alguns boatos registrando terem visto Ramos zanzando livre e solto pelas ruas, após sua condenação, já que isso era bem comum na época pois o governo estava em mãos de Dom Pedro II, abominava a pena de morte e acabava por distribuir indultos a certos condenados.


E O FIM?

Ramos sempre negou seus crimes, como um bom criminoso claro, até sua morte na Santa Casa. Doente, sozinho e cego levou fim em 1893. Já Paulsen saiu da prisão em 1877 e morreu em 1891.